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- A CRISE DO SÉCULO XIV | FANTASTÓRICA - PAINEL FANTASIA HISTÓRICA
A CRISE DO SÉCULO XIV AVANÇAR VOLTAR UMA ENTIDADE FELIZ O PRODÍGIO DE SAINT DENIS
- A IDADE MÉDIA | FANTASTÓRICA - PAINEL FANTASIA HISTÓRICA
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- O PRODIGIO DE SAINT DENIS
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Passamos por um lago. Nesse lago estava o nosso barco. Havia redes e pescadores nesse lago com outros barcos. Estamos no início do verão. Fomos em direção ao mar por um rio chamado de Elba. Eu nunca tinha visto um rio tão grande com águas tão agitadas. Deus Seja Louvado! Aqui as árvores também são grandes e os bosques por onde passamos são grandes também, e são bonitos e belos. O vento por aqui é fraco. O sol aparece cortado sempre no além. As águas são escuras. O céu está sempre amarelo da cor de ouro, de ouro como os querubins dos céus. Que Deus Cristo abençoe nossa caravana. Eu sinto falta de ti, minha querida Emma. Sinto falta de nossa pequena Alícia. Foi a peste que enfermou Alícia e que trouxe-me até aqui. Que nosso Deus perdoe-me! Que consigamos alcançar nosso objetivo! Estou em pecado. Que nosso Deus proteja-nos. Deus Cristo, abençoe-nos. Tenho fé que sirvo a Deus. Óh, Deus, proteja-me! Proteja minha Emma. Proteja Alícia. Tenho fé na Sua salvação. Mas tenho dúvidas também. Estou em pecado. Óh, Deus, temo! Óh, Deus, temo! Óh, Deus! Temo! Sei que estou em pecado nas minhas dúvidas. Mas é certo matar pessoas? É certo matar o beatíssimo?” “Chegamos pelo mar no reino da França! Estamos no fim do verão e nesse momento é que chegamos nesse reino. Aqui as fazendas são grandes. Os cavalos são grandes e usam um tipo de corda ou cinta no pescoço quando fazem a aragem das terras. Mas eu não entendo como isso pode ser bom na aragem das terras. Em alguns locais eles possuem moinhos grandes e bonitos. Mas não são moinhos de água, são moinhos de vento! De vento! Deus abençoe! A tempestade já dita os rumos dos céus por muitos dias. Chuvas, trovões e raios. Parece que é nosso Deus dando-nos ralha diante do que planejamos fazer. Óh, Deus! Nesse momento, ainda chove. Mas mesmo chovendo eu acho tudo tão belo e tão bonito, pois sei e tenho fé que Deus faz tudo certo! Não devemos contestar o que Deus faz. Isso é virtude! Óh, Deus, sou Teu servo! Sei que Tu me salvarás. Hoje eu vi um Anjo do Senhor voando pelo firmamento. Sinal de Deus! Tempo do juízo. E assim está no Apocalipse – E o terceiro Anjo derramou a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue. Óh, Deus, abençoe-me! Que nosso bom Deus, Cristo, Jesus salve a alma de Heimirich. Chorei o dia todo. Perdemos Heimirich para a peste. Ele era um fiel integrante de nossa bendita caravana. O padre Adalbert, ainda dentro do barco, veio novamente falar comigo. Num tom de voz sempre agressivo. Relembrou nosso segredo. Reviu os planos. Quis ver o pote de veneno que eu guardo comigo. Brigou e gritou. Tenho raiva! Acredito na bondade! Óh, meu bom Deus! Não é certo matar pessoas! Mas não tenho coragem de contrariar padre Adalbert. Óh, bom Deus! Padre Adalbert ensinou-me a ler e a escrever. Ajudou-me desde pequeno. Tenho consideração. Tenho raiva também. Mas eu não sei o que fazer. Se tu estivesses aqui comigo, minha querida Emma, decidiríamos juntos! Não é? Tenho medo que Ele se afaste de mim devido a minhas dúvidas e meus medos. Óh, Deus! Salve-me!” “Estamos num lugar chamado Calais. Eu nunca tinha visto um lugar com um mar tão agitado e bonito. Muralhas grandes e valas grandes defendem as cercanias de Calais. A obra de Deus é bela e boa. Óh, Deus misericordioso! Que Deus abençoe-nos. O líder de nossa caravana, o sempre digno e bom cardeal Ernesto, acredita que esse seja o melhor caminho, seguro e protegido. Todos rezamos aos pés da Cruz de Cristo. Aceitamos essa decisão como uma revelação divina. Deus é honra, é pai e é o espírito! Deus está sempre guiando-nos pelo caminho certo. Depois da oração, descemos do barco que trouxe-nos até aqui e fomos por uma estrada na direção de um lugar que possui florestas com árvores grandes, folhas e frutos grandes e raízes poderosas. Nesse lugar havia uma grande igreja com torres pontiagudas. Essa igreja era da Ordem dos Irmãos de Cristo que vivem aqui. Com eles pegamos vinte cavalos e cinco carruagens e também carroças. Óh, Deus! Cristo! Projetas Tu essa Ordem dos Irmãos, e que continuemos vivos na Sua bendita sabedoria e misericórdia. Estamos novamente fugindo da fome e das mazelas. A besta nos persegue! Encontramos novamente a guerra. De dentro das carruagens vimos pedras gigantes sendo jogadas por uma tal engrenagem que aqui eles chamam de trébuchet. Foi a arma mais poderosa que eu vi. Deus abençoe! Por vários sábados estamos fugindo. Desviamos nossa rota a todo momento e, às vezes, tenho dúvidas. Óh, Deus! Tenho dúvidas se estamos no caminho certo ou se estamos perdidos. Óh, Deus misericordioso, tenha piedade de minhas dúvidas. O digno e bom cardeal Ernesto determinou a separação de nossa caravana em duas para despistar os bandos de saqueadores e dos guerreiros, das bestas demoníacas que nos perseguem. Assim foi feito. O demônio nos persegue por todos os lados e em todos os lugares. Que Deus proteja-nos. Nossa caravana continuará sua viagem à Santa e Sagrada Cidade de Avignon, apesar de todas essas provações divinas e de já termos perdido três dos vinte integrantes de nossa sagrada caravana: o cardeal Enzo e o padre Leon morreram dois dias antes do último dia de sol. Óh, Deus! Salve-os!” “Deus! Tu és sempre bom! Estamos numa comuna chamada de Clermont. Essa comuna fica nos arredores da tal cidade que chamam de Paris. Devido ao frio, paramos por três sábados seguidos. Recebemos relatos que a outra parte de nossa caravana se perdeu pelas matas e foi atacada por ladrões e saqueadores. Dizem que foi a besta! Todos eles foram mortos! Óh, Deus! Tenha misericórdia! Eles estavam a três dias de onde estamos agora. Deus perdoe e proteja a alma dos nossos Irmãos em Cristo. Estamos em oração e em luto permanente. Ainda não temos condições de continuar. O bom e digno cardeal Ernesto, o mais sábio dentre nós, está enfermo, mas mesmo assim ele ainda insiste que continuemos. Diz cardeal Ernesto que temos tempo, pois a reunião dos cardeais com o Beatíssimo Papa, o dito Sagrado Consistório Extraordinário, está previsto para o próximo verão. Deus abençoe o Beatíssimo Papa. Rezo todos os dias para que as graças do bom Cristo Deus e da Santa Igreja, junto aos Anjos do céu, possam curar o bom e digno cardeal Ernesto e minha amada filha Alícia. Que ela ainda esteja viva quando eu retornar depois de cumprir com minhas obrigações e realizar esse plano maléfico que padre Adalbert insiste em fazer. Óh, Deus! Eu estou com alguma enfermidade. Isso já dura por dois sábados. Salve-me! Mas eu ainda continuo realizando todas a minhas tarefas. Com a morte de Heimirich, agora somos apenas eu e Oriel que lavamos as batinas, fazemos as comidas, limpamos os utensílios. Tudo para o nosso bom e eterno Cristo Deus. Oriel continua manco de uma perna. Sinto falta de ti, minha Emma! Rezamos todos os dias e todas as noites. Alegro-me a cada dia que passa por ter Deus ao meu lado. Existem muitas pessoas por aqui nesse lugar, nessa comuna chamada de Clermont onde estamos parados. Nunca vi tantas pessoas! Elas possuem trajes diferentes dos nossos. Comem poucas vezes ao dia. Eu não entendo! Deus abençoe-as. Eu vejo sempre muitas pessoas mortas e os muitos corpos que padecem e apodrecem! O que será dessas almas sem Ti? Óh, Deus! Mas devemos aceitar o que é bom e justo. Devemos rezar a Deus, nosso Cristo. Orar todos os dias e agradecer por tudo que passamos, pois Deus assim sabe e Ele quer que aconteça assim. Suas obras são sempre justas e misericordiosas. Rezamos para que as almas dos mortos nas pestes e nas guerras sejam protegidas por Deus e possam ressuscitar no dia do juízo.” “Sonhei com minha querida Germânia. Sonhei com as terras de tio Carl e tia Louise. Eles amaram-me como se fossem meus verdadeiros pais. Sonhei com as galinhas e com as ovelhas, as plantações de maçãs e cenouras. Sonhei com Emma e Alícia. Óh! Que maravilha de Deus! Que Cristo abençoe-nos.” “Padre Adalbert veio falar comigo e novamente falou daquele plano maldito. Disse que temos que fazer aquilo que fomos determinados para cumprir e realizar, a nossa missão que foi-nos confiada em nome do verdadeiro Deus e do maior dos homens, do nosso Imaculado Rei. Depois que o sol saiu do alto do firmamento, cardeal Ernesto, bondoso, sábio e digno, falou para as pessoas daqui desse lugar a pedido do padre Émile. Padre Émile é o líder da Ordem dos Irmãos de Cristo da Igreja da comuna de Clermont. Ele é um homem bom. A batina de padre Émile tem um cheiro de terra e cebolas. Deus abençoe-o. Padre Émile é bem alto e tem orelhas enormes e pontiagudas. Oriel deu risada disso e eu dei-lhe uma ralha! Deus perdoe Oriel. O bom e digno cardeal Ernesto é bem baixo, não tem cabelo na sua cabeça e teve dificuldades de subir no palanque, pois ainda está debilitado, com uma tosse que nunca para e com sua idade muito avançada! Que Deus abençoe o bom e digno cardeal Ernesto. Digo o mesmo para padre Émile. Escutamos ajoelhados e atentos o que cardeal Ernesto falou sobre o Saint Denis. Que nosso Deus proteja-nos.” “Óh, Deus misericordioso! Agradeço-lhe pela honra de ver o Seu verdadeiro poder. O Prodígio de Deus! Um sinal dos céus! Que o bom Deus abençoe. Que Ele seja louvado. Seu poder e Sua misericórdia. A presença do Seu maravilhoso. Seu eterno! E assim João escreveu: E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.” “Hoje de manhã fomos de Clermont em direção a um lugar chamado de Beauvais para visitar a igreja da Ordem dos Irmãos de Cristo que existe nessa comuna. Na estrada que une as duas comunas fomos parados por um grupo de lavradores. Disseram esses lavradores que, devido aos preços e taxas sobre o uso das terras, eles haviam então iniciado uma briga contra os nobres dessa região. Alguns desses lavradores estavam montados em cavalos e outros estavam sem cavalos. Alguns estavam segurando tochas, foices e machados e outros não. Dois deles carregavam panos pendurados em madeiras com desenhos que eu nunca tinha visto e que pareciam uma flor-de-lis azul. Disseram eles, os lavradores, que as propriedades dos nobres estavam sendo destruídas e que eles já haviam avançado pelas comunas chamadas de Senlis, Amiens, Champagne e os arredores de Corbie, Montdidier, Coucy, Soissons, Noyon, Corbiois, Vermandois, Valois e Clermont. Os tais lavradores, homens e mulheres com corpos muito magros, mas não entristecidos, gritavam algo parecido com Montjoie et St. Denis! Eu acho que era esse o grito, mas eu não entendo o que esse grito significa. Padre Adalbert ouviu os camponeses e desdenhou. Continuou sério com seu corpo alto, magro e de pernas e braços longos. Padre Adalbert andava com passos rápidos e estava preocupado com o demoníaco plano. Aproveitou a parada e veio falar novamente comigo. Disse que se um de nós dois morrêssemos ali era para que o outro continuasse a missão sozinho. A missão de usar o veneno para matar o beatíssimo. Óh, Deus! Eu disse que talvez não devêssemos fazer essa missão. Padre Adalbert deu-me um tapa no rosto e disse-me que eu deveria pedir perdão ao Imaculado Rei. Chorei de raiva e ódio. Se tio Carl soubesse quem é o padre Adalbert de verdade, nunca que teria deixado eu vir nessa caravana. Mas meu tio possui tantas dívidas nas suas terras. Possui tantas taxas a serem pagas a padre Adalbert.Talvez esse seja o único erro de tio Carl. Perdoe-me! Perdoe-me! Óh, Deus! Perdoe-me pela minha blasfêmia, por ter contestado padre Adalbert. Por ter pecado! Óh, Deus! Glória e júbilo! Amém. Orei até o sol aparecer no ponto mais alto do céu.” “Durante a parte da tarde, soubemos ainda na estrada, por uma camponesa muito magra, que trazia o nome de Francine, que os nobres estavam planejando uma vingança. Disse essa tal Francine que os lavradores e camponeses foram surpreendidos por poderosos cavaleiros na cidade de nome Meaux. Os camponeses estavam tentando abater um tal Castelo de Marche que existe nessa cidade de Meaux.” “Deus abençoe! Cardeal Ernesto é bom, sábio e digno todo o tempo. Ele se compadeceu com a situação e ordenou que fossemos até uma cidade chamada de Mello. Nessa cidade de Mello deveríamos avisar os camponeses e evitar outras mortes. Resignados, fomos até o nosso destino. Depois de um longo tempo chegamos nas cercanias da cidade de Mello. As entradas para essa comuna estavam fechadas. Tivemos ajuda de alguns moradores e Irmãos da Ordem de Cristo que vivem lá. Subimos por uma encosta, um morro, por um caminho pela mata, mesmo com todas as dificuldades. Chegamos ao alto de um monte. No alto desse monte observamos toda a comuna e conseguimos ver tudo que aconteceu. Uma obra de Deus!” “O sol já estava perto do além. Do alto da colina de Mello, observamos um homem grande, montado num grande e robusto cavalo preto, com grandes e bonitas selas de madeira vermelha acolchoadas com forro azul e dourado de uma forma que eu nunca havia visto. Esse homem grande possuía uma armadura cinza que brilhava muito e uma grande lança que brilhava muito também. Numa das mãos ele segurava uma cabeça cortada. Deus Seja Louvado! Disseram que esse homem tinha o nome de Carlos II e que por aqui chamam-lhe de Rei de Navarra. Esse tal Rei de Navarra tinha cortado a cabeça de um homem. Disseram que esse homem era o líder dos camponeses e de toda essa revolta. Chamam esse homem de Cale. O tal Rei de Navarra trazia majestoso e orgulhoso a cabeça ensanguentada do lavrador Cale nas mãos. Vários outros camponeses estavam tendo suas cabeças cortadas a mando dos nobres e desse tal Rei. Rezamos ajoelhados aos céus diante de tal crueldade. Que Deus Cristo abençoe e tenha misericórdia das almas desses homens mortos. Ali no alto do monte todos nós começamos a orar e a rezar. Foi então que o Prodígio de Deus aconteceu. Toda honra e gloria a nosso Deus!” “Diante de todos os nossos irmãos um grande relâmpago de cores bem fortes, que juntava um verde forte e um amarelo forte, cobriu toda a comuna de Mello até o além. Relâmpagos, trovões, raios desceram do firmamento. Uma fumaça rodeada por fogo cobriu os corpos sem cabeça daqueles homens e depois a luz mudou para laranja e vermelho. Havia uma fumaça que queimava nossos olhos. Foi então que observamos que através da névoa os tais camponeses sem cabeça levantaram-se. Um a um, eles deixaram o chão e como um sopro divino, uma honra e glória de Deus, uma ressureição de Cristo, eles novamente começaram a caminhar. Caminhar com seus pés sobre a terra. Eles estavam ressuscitados! Ressuscitados! Igual a São Lázaro da Betânia! Que Deus abençoe! Aqueles homens ressuscitados e que estavam sem cabeça foram atrás de suas cabeças cortadas. Cada um daqueles homens pegou a sua cabeça e em fileira caminhou segurando a cabeça em seus braços. Igual a Saint Denis! Uma luz clara saía das suas cabeças. A luz era tão forte e tão bonita, um azul cristalino e celestial, que todos os nobres nessa hora colocaram seus fortes e robustos braços em seus redondos rostos, escondendo seus enormes olhos. Muitos caíram dos seus cavalos. Outros ajoelharam e pediram perdão aos Anjos dos céus. Outros recuaram. Outros desistiram e foram embora. Muitos outros fugiram. A luz divina caminhava fazendo com que os nobres restantes recuassem até as cercanias da cidade. Nesse momento, os falecidos, os ressuscitados, os descabeçados, formaram em volta de si um tipo de muro que ninguém conseguia ultrapassar. Eles mexiam as suas bocas e de dentro delas o verbo se fazia por vir. Era um tipo de som, uma voz, uma voz divina que revelava uma ladainha que se espalhou por todo o lugar. Era uma mistura de luz e cântico, como Espíritos de Deus que trazem vozes e fogo, um fogo divino e angelical que envolveu os camponeses, que foram andando para fora da comuna. Aqueles homens sem cabeça, então, como Anjos protetores, acompanharam os camponeses vivos, levando-os em segurança até a igreja do Saint Denis. Lá já não havia perigo e nenhum guerreiro nobre. Depois que todos os camponeses entraram dentro do campanário, os corpos daqueles homens sem cabeça se juntaram num tipo de roda iluminada, que era bonita e bela. Os vultos brancos e rosados saíam de seus corpos. Por fim, aqueles homens sem cabeça caíram no chão. Elevaram-se suas almas abençoadas ao firmamento. Deus Seja Louvado! A misericórdia de Deus! Um Prodígio de Cristo! Por todo esse momento, essa benção, espiritual e santificada, essa revelação de glória, de júbilo, nós ficamos em oração no monte. Ajoelhados e emocionados.” “Minha querida Emma. Ontem, Deus em toda a Sua bondade fez-nos ver o verdadeiro valor da vida e da morte. A misericórdia de Deus é bendita na Sua virtude, na Sua glória, na Sua justiça e maior do que tudo nesse mundo. As pessoas de bem sabem disso, e quem viu hoje o Prodígio de Deus tem certeza disso. Por aqui e por toda essa região, dos miseráveis e pedintes, dos hereges e dos fiéis, pobres e ricos, de toda essa gente, do campo e dos nobres, dos humildes e dos servos, fala-se no sinal Dele, no Seu maravilhoso que veio dos céus. Óh, bondoso Deus. Sua misericórdia divina! Assim, celebra-se por todo sempre O Prodígio de Saint Denis.” “Minha amada Emma! Hoje eu entendi tudo. Que nosso Deus Cristo perdoe-me e salve-me. Eu tenho outros planos. E assim Tiago escreveu: Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo.” “Minha querida Emma! Amanhã a caravana continuará para a Santa e Sagrada Cidade de Avignon para o Sagrado Consistório Extraordinário. Deus proteja a nossa caravana, que continuará mesmo com as mortes de alguns de seus importantes irmãos em Cristo. Eles avançarão. Eu não. Por tão longe que estejamos, nosso Cristo nunca abandona-nos, nem nos nossos profundos princípios e crenças. Mesmo que distantes de todas as razões que fazem sentido em nossas vidas. Amo-te, Emma. Amo-te, Alícia. Amanhã finalmente retornarei. Voltarei a vê-la, minha amada Emma! Levo comigo uma carta de recomendações ao nosso Imaculado Rei para que Ele socorra nossa filha Alícia. O sábio, bom e digno cardeal Ernesto foi quem escreveu essa carta, pois ele acredita que eu não tenha serventia na caravana depois que padre Adalbert foi encontrado morto, envenenado.” TEMPO HISTÓRICO: IDADE MÉDIA ESPAÇO GEOGRÁFICO: EUROPA - FRANÇA DATA DE PUBLICAÇÃO: 14/07/2024 AUTOR: FABIO GOMES REVISÃO HISTÓRICA: LUCAS MELO REVISÃO: CIAENTRELINHAS ILUSTRAÇÃO: www.canva.com / @diversifysketch / @pixabay
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AS SEIS VAMPIRAS CRIADORAS DO UNIVERSO AVANÇAR VOLTAR CONTOS DE FANTASIA HISTÓRICA SOBRE A EVOLUÇÃO DO UNIVERSO PARTE 1 PARTE 2
- BHADRIKA - A GAROTA DANÇARINA DE MOHENJO-DARO
Previous Next BHADRIKA AVANÇAR VOLTAR A GAROTA DANÇARINA DE MOHENJO-DARO (2600-2500 a.C.) As luzes explodem em flashes. Um símbolo subjugado por olhos aguçados, mas incógnitos. Paredes abrigam vagas percepções. O tempo, sereno, é desconstruído em potências decaídas de eletroquímica e carbono. — A garota dança? A projeção contempla o corpo e as feições da estátua. O avanço pelo todo se reflete na parte petrificada. Na perfeição dos contornos. Nas formas adjacentes. Nos seios repletos de força e latência. No mergulho pelos sulcos de um ventre pétreo. Nos lábios metalizados. No olhar que recorda um passado. De dentro do contorno germina o repuxo. Imersão. Uma manifestação que pulsa por dezenas de eras. Depois, a escuridão tomou conta do mundo. Surge, então, a vida. Do céu, entre as nuvens. Do chão, entre a areia e a poeira. No meio da aldeia, em frente ao mercado central, um vulto se agita. Diante da multidão de gente, um movimento poderoso. A garota dança, rodopia, alegre, irrefreável, impenetrável. Perto dali, uma mulher nua espera em sua casa. A garota emana. A mulher evoca. A garota, com sua aparência ditosa, arroja-se diante de um mundo em expansão. A mulher, consciente de seu amor, ressignifica os percursos de sua própria vida. A garota cria toda a harmonia. A mulher expande toda a esperança. A oscilação de seu fulgor transcende as construções de uma cidadela corretamente planejada. A garota move-se em superfícies plurais. Sua energia se espalha pelas afluências. Seu poder fortalece as múltiplas embarcações. Centenas de toras atracam nas enseadas e flutuam pela superfície das águas do Vale do Indo. Os trabalhadores carregam e descarregam os produtos trocados em outros impérios dos mundos mais distantes da Mesopotâmia e do Egito. No horizonte, flamam as centelhas dos barcos com carregamentos de jades, turquesas e lápis-lazúlis, de cerâmicas, pedras preciosas e tecidos que navegam do Golfo Pérsico ao delta do Xatalárabe. A garota vê um homem que retorna do trabalho. Ressentimentos subvertem a paixão e o afeto. A mulher nua espera com a mão no quadril. Suas pulseiras e seus colares vibram diante de espectadores que quase não a percebem. Do outro lado, a garota dança e roda seu corpo intocado no ritmo dos seus passos e de seus desejos secretos. As aldeias e vilas fulguram no encanto de seus movimentos. A cidade cresce ordenada por sua dança. Os domicílios, feitos de tijolos e argamassa terracota, resplandecem na absorção de sua beleza. A cidade se transforma numa imensidão! A garota concentra suas potências. As águas provêm dos encanamentos. Fluem pelos reservatórios artesanais e sistemas hidráulicos. O homem carrega sua bacia retirada dos poços públicos. Caminha na direção de sua pequena residência. Lá está sua mulher, sua amada. Ele potente. Ela nua. Os dois deitados no chão. Ele a ama: o tempo passa conjecturado nas ações das majestosas forças, no contato das divindades, na erupção das vontades, na pulsação selvagem das sombras e dos raios, dos corpos e do suor, da seiva que urge e que aclara por perspectiva o movimento de todo o mundo existente e inexistente. A garota observa toda a cena. Ela rodopia furiosa, enquanto luzes enigmáticas e penetrantes se arrojam por sua derme lisa e perfeita. Os olhos do coração pulsam numa vontade profunda e errática. Ela também ama aquele homem. Seus anseios atravessam as sensações, vertem-se diante das inexploradas cavernas, tocam as inofensivas flores rosadas das puras florestas ainda virgens, sufocam diante dos vulcões que jorram lavas incandescentes, numa mistura relutante de gozo, ódio e raiva. As guerras não cessam. Os habitantes trabalham. As cidades vivem, espremem, morrem. A garota dança e cria com seus poderes a inovadora matemática e a escrita que facilita o comércio. Ela esculpe, com seus brilhantes olhos, os selos em pedras: um ser de três cabeças encanta as crianças que correm alegres entre os edifícios, pelo imenso celeiro, diante dos banhos públicos, pelos esconderijos que passam por debaixo dos sistemas de drenagem que ordenam os dejetos e burlam desejos. Sua adversária, a mulher, era mais bela. O som acompanha as vozes. Os sacerdotes oram em seu grande salão. Percebem o mal se aproximando. A mulher caminha diante de um estreito precipício. No giro da cadência e do bailado, a garota lança seu encanto, que aprisiona o corpo de sua inimiga. A mulher, amada, cai na armadilha. No cárcere invencível. No escuro infinito. A razão dilacerada no firmamento de agonia. A alma enclaustrada na dimensão do impossível. Morte e destruição avançam. Há dor e aflição por entre as misteriosas rotas que existem no interior do coração dos vales, na superfície de respiração das montanhas. A garota dança. A cidade pulsa. Há reprodução elaborada em labirintos de lábios, cheiros e beijos. Festa e música por todos os lados. A garota dança e vive no encalço de sua liberdade. Na centelha propulsora de suas vergonhas. No sopro da desforra e no hábito solene de seus próprios medos. Os cabelos da mulher já não pendem mais sobre aqueles seus ombros magros. A garota flutua com seu corpo iluminado. Feliz, ela baila e espera. Aguarda pelo retorno do homem, amado e amante. Reverte seu encantamento em facões, escudos, torres e fortificações que protegem os limites do centro administrativo contra as inundações e as tribos longínquas. Os passos ardem no calor da terra batida. A garota dança. Ela rodopia, voando serena e perene. Há um mundo dentro dela. Uma história contada. Uma memória a ser preservada. Um mistério escondido e revestido de correntes de barro que permanece jurado por segredos indecifráveis. Emoções e gestos que os próprios oráculos desejariam ocultar. O homem volta do trabalho. Ele percebe o terrível fim de sua amada. O ódio o consome, e ele pega sua afiada faca. Procura entre becos rudes, vielas sinuosas, casas licenciosas. O homem encontra sua caça e sela seu destino. Ele corre com sua faca em direção à garota. Revelações! A garota move-se em espiral e reverte sua luz, seu poder, sobre ele. O homem cai no chão. Tempo e espaço digladiam-se nos limites de um vórtice que espalha um turbilhão de fluidos. O homem penetra numa outra dimensão. Sua alma agora também está presa. Sua consciência jaz escravizada pela magia e pelo encantamento dos inumeráveis prazeres da garota. Ela completou sua vingança perfeita. — A garota dança? Em algum momento, num lugar distante do conhecimento e da razão, a garota dançarina decidiu cobrir sua cidade e inundá-la com água e lama, com a alma do rio Indo. Resolveu não só dominar a vida, mas também renovar o sentido de tudo o que é atual e presente. Dona de todo o enredo, ela controlou o seu tempo e, a partir de então, todos os outros destinos. Ela apagou sua chama, descortinou sua centelha, remendou seu mundo e a história de seu povo. A garota dança alegre e feliz. Com aquele homem ela concebeu dezenas de filhos imortais, e seus filhos, dezenas de descendentes. Juntos, eles construíram domínios indestrutíveis. Ela cobriu de bronze e de cera o corpo daquela mulher. Banhou de cobre e metal o seu coração. Moldou-a em perspectiva escultural num infinito e numa permanência que desafiam o tempo. Por ironia, sarcasmo ou algum instinto de complacência, deu-lhe o nome de Bhadrika, que em hindu significa “mulher com felicidade”. — A garota dança? A garota continua seu baile atemporal. Ela permanece traduzindo sua força num primoroso movimento atraente e cíclico. A cada dia ela nos convida a contemplar sua arte para observar a sua eterna trama histórica. As luzes se afastam dos flashes. Os olhos se libertam dos símbolos. As paredes concretizam verdades. O tempo, que agora é ciência, brilha diante da liberdade do corpo outrora petrificado daquela mulher. TEMPO HISTÓRICO: IDADE ANTIGA ESPAÇO GEOGRÁFICO: ÁSIA - VALE DO INDO - ÍNDIA DATA DE PUBLICAÇÃO: 29/03/2024 AUTOR: FABIO GOMES REVISÃO: CIAENTRELINHAS ILUSTRAÇÃO: www.canva.com / @agung-studio / @pratiksha-ps-images
- LISTA DAS MINIBIOGRAFIAS FANTASTÓRICAS | FANTASTÓRICA - PAINEL FANTASIA HISTÓRICA
VOLTAR MINIBIOGRAFIAS FANTASTÓRICAS AVANÇAR NICOLO CONTI PASTORINO (1849-1874) O FANTASMA DA UNIFICAÇÃO JOY WRONG-BARKER ( 1880-1936) A BRUXA DE SEATTLE
- OS ESTADOS ABSOLUTISTAS | FANTASTÓRICA - PAINEL FANTASIA HISTÓRICA
VOLTAR OS ESTADOS ABSOLUTISTAS AVANÇAR O TOQUE MÁGICO DOS REIS
- O NAZIFASCISMO | FANTASTÓRICA - PAINEL FANTASIA HISTÓRICA
VOLTAR O NAZIFASCISMO AVANÇAR ESPECTROS EM BERLIM
- SEGUNDA GUERRA MUNDIAL | FANTASTÓRICA - PAINEL FANTASIA HISTÓRICA
VOLTAR SEGUNDA GUERRA MUNDIAL AVANÇAR NAGASAKI ATÔMICA
- LISTA DO RADAR FANTASTÓRICO | FANTASTÓRICA - PAINEL FANTASIA HISTÓRICA
VOLTAR AVANÇAR RADAR "Uma breve listagem, por ano, com o histórico de publicações e informações sobre a permanente construção do site e suas mídias e redes sociais" 2020 28/08 - Inauguração do site. 14/10 - Publicação: "BUBURU" 15/11 - Publicação: "A Fonte Q" 30/11 - Publicação: "O Pranto das Nebulosas I" 30/11 - Publicação: "O Pranto das Nebulosas II" 16/12 - Publicação: "Espectros em Berlim" 2021 05/05 - Publicação: "O Toque Mágico dos Reis" 05/05 - Publicação: "O Pranto das Nebulosas III" 05/05 - Publicação: "O Pranto das Nebulosas IV" 12/07 - Publicação: "Nicolo Conti Pastorino" 19/08 - Publicação: "A Vingança dos Guilhotinados" 22/08 - Site inserido na busca do Google. 28/08 - Inauguração do site no Instagram 23/09 - Publicação: "Do Fim Das Olarias..." 2022 15/02 - Publicação: "A Máquina de Costura da..." 28/03 - Publicação: "Joy Wrong-Barker " 16/05 - Publicação: "Rastros Fantastóricos 1" 23/10 - Publicação: "Rastros Fantastóricos 2" 2023 1° semestre: avanços na propaganda. 2° semestre: melhoramentos no layout do site. 2024 20/01 - Publicação: "Rastros Fantastóricos 3" 29/03 - Publicação: "Bhadrika"
- PARIS, JULHO DE 1520 | FANTASTÓRICA - PAINEL FANTASIA HISTÓRICA
VOLTAR PARIS AVANÇAR JULHO DE 1520 — Tocai o sino! — bradou o irmão Balthazar, correndo esbaforido pelas ruas parisienses de Sainte-Geneviève. Um vento árido levantou suas vestes e fez revoar folhas secas do chão de terra batida do lugar. O religioso, regresso da abadia do rei Clóvis, apressava-se em direção à entrada principal da igreja de Saint-Étienne-du-Mont. Seu objetivo: alcançar a torre do novo campanário onde se encontrava o moderníssimo sino da paróquia. — Tocai o sino! — continuava Balthazar, com sua voz fina e seu corpanzil desajeitado. — Ou terei de subir e pegar-vos dormindo novamente? No topo daquela imensa construção, dois outros clérigos, da mesma congregação, repousavam sentados, simulando não escutar o alarido. Aos risos, o alto e magro irmão Pierre ergueu-se com certa dificuldade. Andou vagaroso, ajeitou seus óculos e tocou com a ponta de suas sandálias desgastadas a careca quase calva do pequeno e franzino irmão Francisco. Depois disse, ainda bocejando: — Toca o bendito sino, vai. — Mas por que devo fazê-lo? — respondeu Francisco, rudemente. — Pois irmão Balthazar está mandando — disse Pierre, calmamente. — Nunca! — falou Francisco, cruzando os braços. — Toca tu. — Eu não. — Então, eu também não. Os dois diáconos se entreolharam por alguns segundos: Francisco severo; Pierre sereno. — Olha — disse Pierre, resolvendo acabar com o silêncio —, esse não é o momento exato para tocar o sino. Façamos isso antes do tempo certo e padre Bartolomeu excomunga-nos. O homem ainda nem terminou de se arrumar para começar a missa. — O vigário excomunga-me e parto para Ratisbona. — O quê? — os olhos cordiais de Pierre alongaram-se. — Isso mesmo que ouviu — falou Francisco, ajeitando de forma rabugenta sua túnica branca — Germânia é um refúgio aos corações. Nesse momento, uma revoada de aves vindas de bem longe, voando desde as terras ao noroeste, passou perto do campanário. — Não fales besteira — disse Pierre, trépido com os pássaros. — Pois não sei o que tem de errado essa ideia, afinal! — Pois não sei o que farás tu em Ratisbona, afinal! — Ficarei lá, em clausura, com os beatos da catedral de São Pedro! — Besteira — repetiu Pierre. — Por acaso não sabes que toda a Germânia está em guerra? Aquilo lá virou um covil de hereges sem alma. Martinho anda por lá, levando a infâmia e a desolação. Os dois fizeram um sinal da cruz. Depois, rezaram baixinho por alguns segundos uma ladainha cristã. — Martinho é um bom homem — resmungou Francisco, ranzinza. — Martinho é um incrédulo — retrucou Pierre, afável. — Por acaso Martinho disse alguma mentira? — indagou Francisco. — Por acaso Martinho disse alguma verdade? — perguntou Pierre. De súbito, uma forte ventania, oriunda das longínquas montanhas do norte, soprou pelas janelas frisadas do lugar. Um sussurro grave, constante e medonho perpassou por todo o prédio da torre. Balthazar, que subia com dificuldade os degraus da estreita escadaria de pedra, quase fora derrubado. Na parte de cima, os dois religiosos tiveram que segurar com força suas vestimentas que não paravam de serpentear. — Pode ser algo sério? — indagou o irmão Pierre. — Não é nada. Acredite — argumentou Francisco. — Os Mouros podem ter invadido as cercanias de Paris? — Isso seria uma bênção para a cidade. — E se forem os Otomanos? Não se lembra de Constantinopla? — Isso seria uma bênção para a Igreja. De repente, um estrondo no corredor logo abaixo. Os dois noviços pararam de conversar. Seus olhos amendoados esbugalharam-se. Da abertura no chão, de onde vinha a escada de pedras, emergiu uma figura singular. Era o irmão Balthazar que finalmente chegara ao topo da torre com seus olhos azuis cristalinos arregalados e sua face rosada, fruto do esforço cometido. — O que pensam que estão fazendo? — indagou Balthazar. — Não ouviram? Hein? Estavam realmente dormindo? Não sabem quais boas notícias chegaram das terras de Trás-os-Montes. — O que aconteceu por lá? — perguntou Francisco. Então, o irmão Balthazar abriu um largo sorriso no rosto. Depois, estufou o peito. Em seguida, na frente do enorme barrigão, aproximou suas duas lisas mãos unindo seus dedos em forma de um singelo triângulo. Ademais, falou sem respirar: — Dizem que os navegantes portugueses descobriram mais terras ao ocidente. Consta que o irmão frei Henrique de Coimbra celebrou missas por lá. Padre Bartolomeu rezará outra, aqui, em homenagem às terras encontradas que serão assim abençoadas para todo o sempre. Além disso, nosso vigário até pediu a um tal de Miguel Ângelo di Lodovico para pintar um afresco em nome de nossa congregação. Oremos e que Deus proteja nossa Madre Santa Igreja. Resignados, os três irmãos, Balthazar, Pierre e Francisco, fizeram o sinal da cruz várias vezes. Minutos depois, estavam eles, juntos, a tocar, efusivamente, o sino da majestosa torre de Saint-Étienne. Dentro em pouco, toda a gente de Paris veio saber das notícias. Eram os novos tempos. TEMPO HISTÓRICO: IDADE MODERNA ESPAÇO GEOGRÁFICO: EUROPA - PARIS DATA DE PUBLICAÇÃO: 2015 AUTOR: FABIO GOMES EDITORA ANDROSS: ANTOLOGIA NANQUIM ILUSTRAÇÃO: WIX - CANVA
- A REVOLUÇÃO FRANCESA | FANTASTÓRICA - PAINEL FANTASIA HISTÓRICA
VOLTAR A REVOLUÇÃO FRANCESA AVANÇAR A VINGANÇA DOS GUILHOTINADOS
- O DUENDE NO SALÃO DE MADAME GEOFFRIN | FANTASTÓRICA - PAINEL FANTASIA HISTÓRICA
O DUENDE NO SALÃO DE MADAME GEOFFRIN AVANÇAR VOLTAR 1760 d. C. Eu ansiava por mais uma daquelas reuniões. O salão de Madame Geoffrin estava cheio. Fiquei sentada, à espreita, perto de uma das vidraças. Vozes em discussões acaloradas se espalhavam por todo o recinto. Foi quando Diderot e D’Alembert apareceram, afoitos e falantes. Vinham do café Le Procope. Nas mãos, traziam alguns livros, talvez um exemplar da Enciclopédia. Eu queria ver se era mesmo ela, a obra tão famosa, mas não consegui. Algo me distraiu. Um sujeito pequeno e esquisito se esgueirou por debaixo das mesas. Uma estranha luz azul turquesa irradiava de seu corpo. De início, pensei que fosse um rato, mas mais parecia um anão, talvez um duende com nariz pontiagudo... Ia equilibrando nas mãos uma torta de chocolate. As pessoas olhavam sem nada entender. O pigmeu do outro mundo subiu na mesa, riu e jogou a torta na cara do Barão. Que susto! Todos riram, e eu gargalhei junto! O duende deu um tchauzinho pomposo e sumiu na luz que o envolvia em poucos instantes. O coitado do nobre, todo lambuzado, levantou-se furioso e foi embora do salão de Madame Geoffrin. O mais engraçado é que, passado o imprevisto, ninguém se preocupou em saber de onde veio aquele pequeno intruso, nem o que seria sua estranha luz. Estavam todos muito preocupados com outros assuntos. Continuaram discutindo sobre as ciências e racionalizando os problemas sociais. Achei tudo aquilo muito engraçado, mas, sinceramente, eu ainda acredito que tenha sido Deus visitando os iluministas. TEMPO HISTÓRICO: IDADE MODERNA ESPAÇO GEOGRÁFICO: EUROPA - FRANÇA DATA DE PUBLICAÇÃO: 22/05/2022 AUTOR: FABIO GOMES REVISÃO: CIAENTRELINHAS ILUSTRAÇÃO: www.fantastorica.com / www.canva.com / @sketchify
- O VAMPIRO BURGUÊS
VOLTAR O VAMPIRO BURGUÊS AVANÇAR 1850 d.C. Nos campos ingleses do século XIX havia um vampiro burguês que mordia seus empregados para transformá-los em operários eternos e imortais. TEMPO HISTÓRICO: IDADE CONTEMPORÂNEA 1 ESPAÇO GEOGRÁFICO: INGLATERRA DATA DE PUBLICAÇÃO: 21/01/2024 AUTOR: FABIO GOMES REVISÃO: CIAENTRELINHAS ILUSTRAÇÃO: www.fantastorica.com / www.canva.com / @wind-of-hope / @sparklestroke
- CHUVA ROBÓTICA EM MAPUTO | FANTASTÓRICA - PAINEL FANTASIA HISTÓRICA
CHUVA ROBÓTICA EM MAPUTO AVANÇAR VOLTAR 1980 d. C. Alguém bateu na porta! Naquele momento, labaredas de chumbo e ferro se derramavam sobre a capital Maputo. Ciborgues e androides com potente inteligência artificial guerreavam ferozes nos céus das áreas urbanas e rurais. Por entre as matas, robôs guerreiros da Frente de Libertação combatiam os autômatos da Resistencia Nacional. Eram os tempos da Guerra Civil Moçambicana. Dona Rosalina Jachel olhava pela janela de uma casa abandonada, a rua deserta e destruída. Estava pronta para a batalha, a espingarda firme nas mãos. Ainda havia nela alguma esperança. Na sala, seu filho mais velho brincava com um carrinho sem rodas. Seu irmão menor chorava de fome. Os toques metálicos na porta se intensificaram. Dona Rosalina Jachel pegou as crianças. Nunca atendeu aquelas batidas. Fugiu para campos floridos onde não mais haveria guerra. TEMPO HISTÓRICO: IDADE CONTEMPORÂNEA 2 ESPAÇO GEOGRÁFICO: ÁFRICA - MAPUTO DATA DE PUBLICAÇÃO: 30/10/2022 AUTOR: FABIO GOMES REVISÃO: CIAENTRELINHAS ILUSTRAÇÃO: www.fantastorica.com / www.canva.com / @drawcee